Ficções (um artigo invejoso)

Ficções é o título de um dos meus livros favoritos, conjunto de contos do Jorge Luís Borges, mas isso não vem aqui para o caso.

Ficções foi o melhor título que eu encontrei para um artigo sobre a frustração que sentimos ao ver as redes sociais e a vida dos outros. Neste caso particular, a vida de uma cozinheira sino francesa mãe de 6 + 2 enteados + resmas e resmas de cães, a viver no sudoeste francês, na zona do Médoc (onde há um vinho bestial).

 

A sério. Se não a conhecem, não se dêem ao trabalho – ficam com vontade de cortar os pulsos. Não há nada que não seja perfeito: Continuar lendo Ficções (um artigo invejoso)

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Auto-superação (e provas de aferição)

Não sei se é um exclusivo de mães de famílias numerosas (olá pessoal!), ou se vai de cada um, mas quando me pediram, numa festa dedicada ao Dia da Mãe, para definir a maternidade numa palavra, confesso que me veio à cabeça a palavra exaustão, mas achei que ficava um bocado foleiro naquele contexto

Entre Amor, Amoroso, Infinito e outras quantas dentro do mesmo estilo, soletrei ao mais crescido uma palavra para ele escrever, ocupada que estava entre o colo exigido pela criança de 16 kg e a de 27, qual delas puxa mais pela manga ou se pendura nas calças aos choradinhos. A palavra soletrada foi auto-superação.

brincadeira

Eu sei que é um bocado auto centrado, mas foi o mais honesto que pude pensar naquele instante. E fiquei com a impressão de que 1. ou as outras pessoas tapam o sol com a peneira para ficar bem na fotografia, ou 2. eu vivo mesmo numa realidade meio paralela (sendo que o meia nesta frase não serve para nada). Continuar lendo Auto-superação (e provas de aferição)

Viver Devagar

Há uns dias vi uma foto publicada no Facebook por um amigo. Era uma belíssima foto de família, a preto e branco, com o pai deitado na terra, nas ervas, com dois filhos sentados em cima de si, um nos joelhos e outro no peito. Do lado esquerdo estava a mãe, igualmente sentada no chão, com um pequeno no meio das pernas cruzadas e um bebé ao colo.

A foto sugeria ser Verão, no campo, e o casal e quatro filhos estavam à sombra, relaxados, descontraídos.

Aquela fotografia em particular transmite uma tal sensação que as centenas de comentários, aos quais juntei o meu, iam no mesmo sentido – que maravilha!

platja en familia_julia sarda

Comentei alto, ai coitada desta mãe, 4 rapazes! e levei logo com um coitada porquê?!, como se eu estivesse a dar a entender que ter 4 filhos fosse uma tragédia. Coitada porque se eu frito com 3 imagina ela com 4.

E fiquei a pensar. Pensei como nos anos 50, ou 60, ter 4 filhos não é o mesmo que agora. O ritmo de vida era outro, mesmo na cidade. Sobretudo na cidade. Continuar lendo Viver Devagar

Das contradições (e das pequenas coisas)

Na página de Facebook da Mãegazine acabei de partilhar uma imagem de uma página intitulada Becoming Unbusy. A tirada é esta e diz que no fim da linha não nos lamentaremos do tempo a mais despendido com os filhos.

A primeira contradição é que se há quem fique contente de despachar filhos para avós sou eu e já estou a esfregar as mãos agora com a Páscoa (eheh). E depois fica-me muito bem partilhar uma imagem destas… Mas essa contradição é humana e até tem graça. E eu sou o perfeito peixe que mordeu o isco.

Como assim? Continuar lendo Das contradições (e das pequenas coisas)

Do privilégio

Há uns largos dias publiquei na página de Facebook da Mãegazine uma pequena banda desenhada que explicava o que era o privilégio. A BD é esta:

Podemos perceber que, na prática, os diferentes pontos de partida na vida são bem diferentes, o que acaba por condicionar em boa medida o que acontece no desenrolar da mesma. Continuar lendo Do privilégio

Vamos #emãegrecer com cabeça?

É oficial – estou a precisar de perder 5kg. É uma mer chatice, mas é verdade.

E tenho uma pequena suspeita de que não estou sozinha.

Não sei como é com as outras pessoas, mas entre Setembro e agora, meio de Fevereiro, engordei 5kg. Entre as festas, o Natal e passagem de ano; alguns aniversários e respectivos bolos e tão somente seguir a minha natureza (enfardadeira), comi como gente crescida e sem medo do amanhã.

Pois o amanhã chegou agora numa consulta médica em que vi +6 do que devia. Dei de barato 2 extra, é da roupa, sabe que lá em casa marca dois abaixo, olhe que não, menina, olhe que não.
Isso e ver-me no espelho comunitário, quando fico desfasada da maralha toda na aula de zumba onde apareço uma vez por mês. Assim tive uma epifania, daquelas que não motivam nada, bem pelo contrário – estou a precisar de fechar bem as calças outra vez e de poder dobrar o joelho sem fazer garrote.

E agora a má notícia – as dietas são todas uma treta.

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