Mãedamento nº5 – resistirás à tentação de lhe fazeres mal

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Para além do mãedamento em si – resistirás à tentação (e livra-te!) de lhe fazeres mal, pouco mais há a acrescentar.

O animal primitivo que nos habita tem de ser controlado, para bem dos nossos filhos. Não quero com isto dizer que a pressão não tenha de sair, claro que sim. Auto controlo não é permissividade: é firmeza mas não agressividade.

Como pais, adultos, temos a vantagem de sermos maiores, mais fortes, pelo menos durante uns anos – os da infância (depois a coisa muda de figura…). Disciplinar pelo medo é, na minha perspectiva (espaldada por inúmeros especialista e estudos), o pior que podemos fazer. A associação amor=violência, infelizmente tão corriqueira, dá péssimos frutos, já que perpetua o ciclo da violência, vista como manifestação amorosa (é mesmo retorcido, não é?).

Violência engendra violência. Como expliquei no artigo sobre o animal, uma parte de nós deixa de reconhecer os filhos como pessoas a proteger e passa a vê-los como pessoas a atacar. Eles têm o condão de carregar onde dói e nós fazemos a nossa própria birra (como explica a doutora Laura Markham), que consiste em perder as estribeiras, berrar, dar sacudidelas…

Este comportamento é a nossa própria forma de descarregar a frustração de não sabermos lidar bem com as emoções negativas e a miudagem torna-se o bode expiatório

Até podemos ter o efeito pretendido durante uns instantes, mas cada vez mais rapidamente o efeito termina e o comportamento/atitude desafiadora/agressiva (ou tida como tal) por parte deles regressa, agravada pelo ressentimento.

Em cada situação podemos amplificar ou neutralizar a violência. O melhor é optar pela segunda.

O doutor Justin Coulson diz que as emoções são contagiosas (quem não sabe isto? mas ver escrito ajuda, não é?) e em menos de nada ficamos irritados como eles. Ele também diz que verbalizar/etiquetar (ver mais aqui) a emoção deles – estás a sentir-te irritado, não é? – é um penso rápido emocional e ajuda a acalmar as hostes.

Quais as soluções/alternativas para nos controlarmos?

Uma solução dada pelo especialista australiano é, para além de respirar fundo, recitar o mantra calm and kind (calmo e gentil numa possível tradução para português). A técnica do time out (a.k.a. vai para o teu quarto acalmar) também pode resultar se for para nós – nós é que saímos da divisão e não eles!

A norte americana* acrescenta lavar a cara com água fria (quando dá, obviamente) (adeus maquilhagem, ahah) e sacudir as mãos. Foi o que percebi na conferência online que vi há uns dias (e já dei por mim a fazer de batedeira a ver se resultava!) 🙂

Uff! Não é fácil (eu seeeeeei). Mas em cada instante temos o poder de decidir se queremos ir para um caminho fechado ou por um caminho de abertura, árduo mas compensador a curto, médio e longo prazo…

Actualização – a *Doutora Laura Markham tem um fabuloso e extenso artigo sobre o porquê e como podemos gerir a zanga contra os nossos filhos. Entrou directamente para os meus essenciais, como publiquei no Facebook. Pode ser-vos igualmente útil! Está em inglês e chama-se How to handle your anger at your child.


No Mãegazine fala-se destes desafios profundamente humanos na óptica do utilizador, ou seja, cheia de falhanços e de renovadas intenções de auto superação. Se te interessar, podes acompanhar por mail Facebook ou Pinterest! Até já

4 comentários sobre “Mãedamento nº5 – resistirás à tentação de lhe fazeres mal

  1. Um texto muito profundo.Acho que é o que mais gosto, porque vai directo ao que eu penso. Diariamente observo violência contra as crianças, variada, disfarçada de autoridade pelos adultos. Apetece-me sempre ajudar aqueles adultos a reverem a sua posição, mas quando tento fico frustada, porque a “cultura” está enraizada e torna-se cega. As dicas que deste são uma boa ajuda. Acrescento uma: ler Montessori. 🙂

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