Embrace imperfection | Amar a imperfeição

Embrace imperfection é o que tenho escrito num pendente.

embrace imperfection maegazine

Quem o fez foi uma joalheira norte americana cujo trabalho gosto particularmente. Ela sabe do que fala, quando nos convida a amar a imperfeição.
No final da gestação o obstetra achou que o seu bebé era mais pequeno do que devia e o rapaz, que entretanto já tem mais de uma década, nasceu com uma doença raríssima (se tiverem curiosidade podem ler a sua história aqui). Desde cedo teve de se adaptar a uma vida com grandes limitações para cuidar deste menino especial. Calculo que não deva ser nada fácil, mas amar a imperfeição é algo que esta criadora teve mesmo de trabalhar interiormente.

Confesso que tenho alguns mixed feelings quando leio esta inscrição.

Por um lado convida-me a relaxar – a relaxar em primeiro lugar comigo mesma, aceitar as minhas (incontáveis…) imperfeições; a aceitar também as dos outros, sobretudo as dos que me são mais próximos e por último a aceitar as coisas como elas são, as situações menos-do-que-perfeitas do trabalho, da casa, do carro, d(a falta de)o estacionamento, da sociedade, da vida em geral.

E esta aceitação de tudo, este amar da imperfeição confunde-se então com um baixa os braços, um toma as coisas como elas são, ou pior ainda um come e cala. E essa é a parte que me chateia, esta possível leitura de convite à passividade – Ah, eu sou/ele é/isto é assim, não há nada a fazer…

Uma vez mais socorro-me do p. Tolentino Mendonça (que parece que por estes dias vai lançar mais um livro!), numa das suas crónicas do livro O Hipopótamo de Deus. A crónica chama-se precisamente Amar a imperfeição e está integralmente disponível para leitura aqui. A certa altura diz o seu autor:

A imperfeição, porém (e penso também naquelas que identificamos na nossa vida interior), é uma história ainda em aberto, que conta ativamente connosco. Na imperfeição é sempre possível começar e recomeçar.

E eu acho que está tudo aqui – na possibilidade de recomeçar, de fazer melhor. Contrariamente à leitura de passividade, está aqui um apelo à actividade, à superação. Para que a superação seja possível, é necessária alguma compaixão, a começar por nós mesmos.

A minha mãe (olá mãe!), que anda numa de meditação guiada, descobriu alguém que defende mais o self compassion do que o self esteem. Para essa pessoa, a auto estima está sobre valorizada e andamos todos numa de competição a ver quem tem o ego mais forte. Já a auto compaixão nos faz aceitar as nossas reais e autênticas vulnerabilidades, relativizando-as e dando-nos espaço para as ultrapassar.

Vem isto a propósito da minha realidade nos últimos tempos vs a realidade alheia que vou lendo em blogues e afins. Ao ler, e ver, muito do que por aí se publica, chego à conclusão de que sou um traste como mãe. Uma nódoa monumental. Os meus filhos acordam(-me) 50x/noite, fazem fitas para calçar sapatos/tirar sapatos/ir para o banho/sair do banho/qualquer-outra-coisa-de-que-se-lembrem e eu dou por mim a berrar, a chantagear e a ameaçar a reagir a quente muito mais vezes do que gostaria. E sinto-me um lixo humano por isso. E provavelmente até sou.
Mas sou naqueles momentos, mas não sempre. Também canto com eles, canto para eles, faço vozes a contar histórias como estas, partilhamos gelados, fazemos os trabalhos de casa juntos, dou festinhas na cabeça quando me deito a seu lado para os adormecer e beijinhos e colos quando se magoam.

Há momentos, dias, semanas ou mesmo períodos mais tensos, mais difíceis. O regresso às aulas (e as férias, em que temos a miudagem 24/7 imeeensos dias…) é, por experiência própria, uma fase complexa, de (re)adaptação. Daí ter-lhe dedicado uma série completa de artigos que giram em torno da forma (leia-se organização) e não conteúdo. Porque o conteúdo se vai adaptando, evoluindo, à medida que os nossos filhos crescem, alteram as suas necessidades, dão saltos cognitivos (e físicos!). E nós também (físicos duvido, só se for para os lados, e cognitivos é sempre a descer – obrigada noites em claro!).

Por isso fica a sugestão – leiam, babem, cobicem, invejem apenas até ao ponto em que isso for saudável. Não se esqueçam que cada um só publica o que quer e que habitualmente é apenas a faceta luminosa e bonita das suas vidas. Mas o resto também lá está. Todos nós fazemos cocó (que frase extraordinária…), em sentido literal e figurado.

Façam um favor – e digo-o antes de mais para mim mesma – tenham alguma compaixão por vocês próprios. Amem a vossa imperfeição, mas sem baixar os braços – errem, errem de novo, errem melhor


Se esta sensação de falhanço te é familiar, não estás só. Abordei vagamente este tema no artigo intitulado Mitos que fazem de nós mães miseráveis e pretendo regressar a este assunto que me é tão caro. Vou escrevendo de coração aberto por estas paragens, que podes seguir via mail, Facebook ou Pinterest

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12 comentários sobre “Embrace imperfection | Amar a imperfeição

  1. Pingback: O animal | Mimami

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