Aqui há uns dias tropecei num filme, partilhado à exaustão (e com razão para isso). O filme mostra um garoto a pintar a parede e um pai a descobrir o disparate e a passar-se, a berrar e ameaçar o miúdo. Depois o rapaz reage da mesma forma apaixonada e agressiva com a irmã. Depois há um começar de novo, um reviver a situação e o pai reage cheio de compaixão e empatia, explicando que aquilo não se faz, o miúdo colabora e sorri, limpando a parede. Mais tarde a relação com a irmã é mais sorridente e saudável.
A partilha viral tem boa razão de ser: que atire a primeira pedra quem nunca reage como o pai da primeira vez. Eu não partilhei por vergonha. Porque passei da mãe #fabiennelepicsaidomeucorpo para a mãe ‘pai do anúncio do Canadá sai do meu corpo’.
Suspeito que não sou a única a reagir assim, ou não haveria necessidade de fazer um anúncio destes. Qualquer um se identifica – aqui ninguém deixa o olho negro ou o nariz ensanguentado, ninguém dá um chuto no rabo ou um estaladão na cara. Aqui há um pai a passar-se dos carretos e a berrar. Ponto. Quantas vezes nos vemos no pico do descontrolo emocional? Mas quando vemos de fora, ui que dói, e não é pouco…
Já aqui expliquei que somos uma espécie de camioneta com determinadas características, carregamos diferentes cargas em percursos mais ou menos acidentados. Quando a carga transborda, há despistes. E estas reacções entram nestes despistes. O problema é que conduzimos demasiadas vezes no fio da navalha e isso não é nada bom. É mesmo péssimo, para nós e para eles, os miúdos.
Sempre comprei o livro que aqui refiro a propósito da abordagem Waldorf. O livro é mesmo para pais de crianças pequenas (até aos 7, grosso modo) e tem umas ideias bem giras. Se tiver disponibilidade aqui partilharei algumas. Hoje partilho esta:
Para a autora, a cultura familiar é como uma estrela de 5 pontas. As pernas, ou pilares, da estrela são os ritmos e rotinas diárias e ainda a integração da brincadeira e das tarefas que as crianças fazem nessas tais rotinas. Os braços, mais finos e sofisticados, são as brincadeiras das crianças, no interior e exterior, e o seu desenvolvimento artístico. A cabeça – e era aqui que eu queria chegar – é a disciplina, kind and firm, nas suas palavras. Onde é que eu já li isto? 😉
Mas o melhor de tudo, desta ideia de estrela de 5 pontos, é que a melhor metáfora para a cabeça/disciplina é o Sol. Sim, o astro. Porque está lá, porque está alto, porque é estável e, sobretudo, porque aquece, porque ilumina. Bim. Só isso: sê o sol.
Que esta imagem vos inspire tanto como espero que me inspire a mim, nos momentos de ‘mãe nos antípodas dos pais do Ruca’ (também é canadiano… haverá aqui algum padrão de pais calmos no Canadá?) 😉
PS – o site tem imensos conselhos e sugestões, em francês e inglês. Está tudo aqui: Les enfants voient, les enfants apprennent ❤
Aqui no Mãegazine há muita nuvem, mas ainda mais vontade de as afastar, para dar a vez a um sol radioso, que brilha sempre. Como isto da meteorologia emocional é pano para muita manga, vai-se escrevendo sobre o assunto, de forma irregular. O melhor é acompanhar subscrevendo por mail, Facebook ou Pinterest 🌞