O sucesso do último texto – 10 razões pelas quais provavelmente és melhor mãe do que podes pensar – leva-me a crer que não sou a única a (auto)culpabilizar-me.
Directrizes com a melhor forma como educar os nossos filhos é o que não falta. Especialistas e não especialistas bem intencionados e documentados apresentam diversas abordagens em inúmeros suportes. Ficamos perdidos e desnorteados e nem sabemos bem em qual direcção devemos ir.
No Mãegazine também dou sugestões, mas não quero impingir nada a ninguém, por isso deixo bem clara a minha intenção: criei este sítio na internet para me ajudar neste muito exigente percurso ao mesmo tempo tão íntimo e pessoal quanto partilhado e externo que é educar uma criança. Pretendo aqui reunir o que ressoa, ecoa e amplifica os meus valores, convicções, bom senso – o que vai de encontro à minha sensibilidade.
Porque no fundo é disso que se trata – a experiência humana é única e irrepetível, pessoal e intransmissível, apesar de palavras certas nos ajudarem a vislumbrar um pouco da experiência alheia. As palavras podem ajudar-nos na nossa própria luta interna, mas o trabalho é todo nosso (ser o crescido é tramado, não é?…).
Para nos ajudar no nosso processo é muito útil encontrar um (ou vários) mentor(es). Pessoas em quem confiamos, que nos elucidam, guiam, esclarecem, iluminam, inspiram.
Quando li pela primeira vez o texto sobre como encontrar um mentor no meu blogue favorito, achei aquilo um perfeito disparate. Agora sei que ela tem razão.
É que outros passaram pelo mesmo processo que nós, seja a educar crianças (suas ou de outros), seja a gerir um site, seja simplesmente a viver a vida de uma forma responsável, plena, marcante. É muito útil encontrarmos e seguirmos alguém com quem nos identificamos.
O australiano Justin Coulson, doutor escrito por extenso (é mesmo doutorado), é um dos meus mentores. A sua postura é aquela com a qual me identifico em toda a linha. Creio que é importante a percentagem – 100% de identificação é mais enriquecedor do que, por ex., 70%.
A bloguista norte americana Tsh Oxenreider, do site atrás referido, é outra mentora, pela sua coerência, postura ética, valores e forma como os veicula no seu espaço online.
O escritor/poeta/padre português José Tolentino Mendonça é mais um, pela paz e profunda sabedoria que transmite nos seus textos, a maior parte deles sem qualquer pendor teológico. Descobri-o através da sua crónica semanal Que coisas são as nuvens. Achei extraordinário escrever num jornal sobre assuntos não notícia/política/actualidade e colocar o enfoque sobre o nosso interior. Comecei por coleccionar as suas crónicas e só (muito) depois descobri que era padre e escrevia livros de prosa e de poesia. Se tiverem curiosidade e se for a vossa praia, podem ler as suas homilias aqui.
A francesa Céline Alvarez de que falo aqui tem fortes possibilidades de se tornar também minha mentora, malgré elle (ou seja, quer queira quer não). A sua abordagem científica da construção dos 6 primeiros anos de vida, na linha montessoriana, parece-me particularmente bem conseguida.
Outras pessoas que vou conhecendo, nomeadamente através da internet, acabam por moldar este meu percurso, aprendo muito com elas. Recomendo-as regularmente nas coisas giras (categoria links).
Quero com tudo isto reforçar a ideia de que podemos ler, suspirar, cobiçar, invejar muito do que por aí lemos e vemos, mas muitas vezes isto conduz-nos a um doloroso beco sem saída de culpabilidade e frustração. Apenas nós estamos na nossa pele e a nossa realidade é única.
Pela minha experiência, ter mentores é bem mais inspirador e eficaz. Para isso não temos forçosamente de fazer uma sessão de coaching ou workshop, ainda que isso possa ser verdadeiramente transformador. Encontrar e escolher mentores é como escolher e plantar uns faróis que nos vão iluminando o percurso, que tantas vezes fazemos no escuro, a tactear.
E tu? Tens mentores? Quem/quais são?
ilustração de Georgiana Chitac
O p.Tolentino tem (mais uma vez) um texto extraordinário sobre o que nos está a ser dito. Vale muito a pena e vem no seguimento destas ideias atrás alinhadas.
Estando a par do propósito e das linhas orientadoras deste site, tinha muito gosto em contar contigo nesta viagem, já que apesar de particulares e únicas, as experiências pessoais aproximam-se bastante em inúmeros pontos. O Mãegazine está também no Facebook e no Pinterest
6 comentários sobre “sobre mentores (e sobre este site em particular)”