mãedamento nº4 – alimentarás com comida saudável

Penso que esta é uma daquelas máximas que todos conhecemos – Somos o que comemos.

Há quem leve a coisa um pouco mais além, dizendo que somos nervosos como as galinhas porque nos alimentamos com galinhas, ou temos o olhar morto porque comemos demasiada carne de vaca (não estou a gozar, há quem defenda esta teoria).

Eu não vou tão longe, fico-me pelo bom senso e pela ciência mais ou menos comprovada – a quantidade de açúcar refinado, de gordura saturada, essas coisas, têm efeitos no nosso organismo, no nosso humor, na nossa constituição, na quantidade de massa gorda que temos.

Sei, por experiência própria, que quando temos filhos para cuidar, arregaçamos as mangas e pomos mãos à obra (culinária). É o chamado que remédio. Solteira e boa rapariga, era capaz de jantar Nestum cereais com leite noite após noite. Estou agora sem miúdos e janto massa com massa. Mas se os tenho em casa faço salada, bifes de atum, arroz integral, papas de aveia para o pequeno almoço, enfim, faço-me à vida doméstica. Que remédio.

Quer goste quer não goste (no meu caso é mais a segunda opção), tenho a obrigação de os alimentar decentemente. Sim, é uma obrigação. A criançada tem de ser alimentada com comida saudável, dê por onde der. Estão em fase de crescimento, não têm outras pessoas para onde se virar (habitualmente), e os hábitos alimentares que incutimos manter-se-ão para a vida, ou assim desejamos.

E agora começa a parte polémica: então o que é uma alimentação saudável?
Ui, organizam-se as trincheiras, carregam-se as armas e cada facção dispara a sua 😉

Agora a sério, há muitas, mesmo muitas teorias.

Agora a macrobiótica parece começar a vingar, mas nesse campo sou como o Obélix – caí no caldeirão quando era pequena. Tenho as minhas reservas, sobretudo de ordem prática – as algas vindas do outro lado do mundo (pós Fukushima) não só custam os olhos da cara como deixam uma enorme pegada ecológica.

O regime sem glúten é inevitável para quem tem a doença celíaca (conheço de perto) e para quem tem alguma intolerância ao mesmo, mas felizmente não é o caso cá em casa. Excluindo estes casos, pessoalmente acho muito difícil e oneroso manter uma dieta assim. Mas parece que traz os seus dividendos no que à linha (elegante) diz respeito!

Admiro quem segue uma verdadeira dieta vegetariana e domina a arte de jogar com as proteínas vegetais. O feijão, grão, lentilhas e afins têm muito pouca saída cá por casa e rebentam-nos os intestinos (literalmente, ahah) (piadinha escatológica). A soja e os seus derivados (leite, seitan, tofu, etc) são uma opção (supostamente) saudável, apesar de já ter lido teorias (deve haver de tudo) que implicam com a parte hormonal, o que nem sempre pode ser desejado/desejável.

O leite e derivados (queijo, iogurte) também traz pouquíssimo consenso. Acho piada ao que o meu pediatra disse – se o bebé deixa de mamar, deixa de precisar de leite. Afinal de contas, o leite que se comercializa é o leite que a vaca produz para o seu filho. As mulheres, como mamíferas, também o fazem, até um certo ponto de desenvolvimento do rebento. Então e o cálcio? Uns defendem que teríamos de mudar radicalmente a alimentação e encher-nos de espinafres ao pequeno almoço, outros dizem que não é bem assim.

A paleolítica tem (teve?) imenso sucesso nos EUA e agora chega cá. É o máximo comer como os caçadores recolectores que fomos 😉 É o exacto oposto da macrobiótica no que aos cereais diz respeito (se não me engano).

Ah, e a acidez e o tipo de sangue? Nem entro por aí, é tanta informação!

Há uma nova pirâmide alimentar, ao que parece bem recente. Não a vou citar nem publicar, mas é fácil de descobrir como é.

Afinal de contas, em tanta teoria, não há um mínimo denominador comum?

Há. Claro que há. Grosso modo:

  • uma alimentação saudável é feita de alimentos que não têm etiqueta, não são processados
  • os legumes e a fruta devem ser os da época, sem pesticidas/biológicos preferencialmente
  • a carne deve ser de animais que cresceram ao ar livre, com um mínimo (ou melhor, o máximo) de boas condições, idealmente sem serem encharcados em antibióticos e hormonas de crescimento
  • o peixe deve ser idealmente capturado em alto mar e não de bidé aquacultura
  • os ovos devem ter 0 ou 1 no carimbo – os carimbos dos ovos, na Europa, têm um número (0 a 3) associado ao PT de Portugal. O 0 e o 1 são de produção biológica e criação ao ar livre respectivamente
  • quanto menos processada (a farinha, o arroz, o açúcar, etc), melhor
  • consumo reduzido de açúcar refinado/extra (não incluo o da fruta)
  • mais gorduras vegetais poli insaturadas (em estado líquido) e menos gorduras saturadas (sólida, como a manteiga, hum)
  • a água é a única bebida que realmente precisamos
  • devemos comer com alguma regularidade (c.3h) para mantermos um certo equilíbrio (insulina, glicemia, etc)
  • devemos consumir diariamente legumes (crus ou cozinhados) e fruta (se esta é antes, durante ou depois da refeição depende de cada um e do que prefere)
  • devemos fugir dos produtos associados a bonecos (estratégia de venda muito agressiva), são habitualmente de baixíssima qualidade nutritiva
  • os doces são uma excepção, para os dias festivos – se NUNCA dermos determinado alimento aos nossos filhos vão ficar tão desejosos que só vamos conseguir o efeito oposto!

Em relação ao açúcar, é terrificante o documentário disponível online que o canal Sic Notícias fez, sobre o consumo de açúcar elevadíssimo, nomeadamente entre as crianças. É mesmo de visionamento obrigatório! Depois disto acabaram-se os cereais para os miúdos (cá em casa eram uns tipo dieta, com cereais integrais e frutos vermelhos/chocolate). A alternativa foi papa de aveia (caseira) ou Weetabix (um mega sucesso, de tal forma que foi proibido, os estragos intestinais a isso obrigaram…)

E acho que é isto. Se se comem os legumes na sopa ou no prato, cada um sabe de si e das pequenas guerras caseiras que quer, ou não, travar.

Eu não juro pela Maria de Lourdes Modesto, sobretudo porque só cozinho algo de jeito desde que tenho um robô, mas estes são os meus pratos limpos, como diria a Maria 🙂

(o desenho é inspirado num quadro de ardósia que tenho no fogão, com este desenho e isto escrito)

Gostaste deste texto? Experimenta ler o 1º mãedamento, onde falo desta série

O que comer no 1º ano de vida? Espreita este quadro

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